segunda-feira, 26 de maio de 2008

Borboletinha verde

Sentia-se como se ofendesse aos outros com seu sexo. Com sua doçura incandescente. Com seu saber delicado. Era delicada. Uma borboletinha verde. Sozinha, não tinha pudores. Pensava de tudo um pouco: santos e demônios, egito antigo e nova era, música, poesia, casa, mendigo, guerra santa, bíblia, sexo, filhos, língua estrangeira, língua inventada, beijo de língua, sacanagem, doçura, bolo, natal, passado, orixás, sentimento, glória, caroço de milho, história, barbaridade e os sete anões. Misturava idéias, sonhos, maravilhas. E criava teorias. Queria sair de casa pra contar pra todo mundo. Mas sentia-se como se ofendesse aos outros com seu sexo vivo. Puro. Feminino. Com seu ventre incandescente. Suas palavras criadas. Sua língua gostosa e maliciosa. Sua inocência eterna, impura, serpentinando todos os dias as tentações mais bonitas. Queria ser santa. Mas ardia.

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